Ao fazer uma ponderação sobre esse assunto, com base no tempo que já tenho de serviço me permite, vejo que não é de hoje que no Maranhão existe essa problemática de ABATE clandestino.
A primeira pergunta que faço: quem ganha e quem perde com a clandestinidade do abate?
Para responder isso, precisamos conhecer o ciclo do campo à mesa do consumidor.
É de conhecimento de todos que a população dispõe de, basicamente, duas modalidades de carne (aqui falando só de bovina); a de baixa qualidade e a de alta qualidade, essa última só está disponível nos médios e grandes centros de abastecimento.
No Maranhão você consegue contar os municípios que pode fornecer esse tipo de alimento, já a de baixa qualidade está disponível para população de média a baixa renda, residentes nos pequenos municípios, em povoados, e nas redondezas das médias e grandes cidades. Devido ao alto preço pago, estes preferem as carnes de preço mais baixo, de animais abatidos em lugares insalubres e sem fiscalização.
Na grande maioria das vezes os animais que são abatidos de forma clandestina, são animais velhos, doentes, recentemente recuperados, ou animais muito novos.
Também fazem parte desse combo, animais que apresentam alteração nas vísceras, mas eles a retiram com a faca suja do cidadão que ABATE.
Por fim, enfatizamos a nossa preocupação pelo aumento, principalmente nesses últimos anos, do consumo exacerbado de carne oriunda da clandestinidade, que não só trará problemas de saúde aos que consomem, mas, também, poderá se tornar um potencial criadouro de doenças futuras, tendo em vista o grande potencial nesse ambiente para o desenvolvimento de bactérias resistentes a antibióticos, o aparecimento de vírus ou qualquer outro microrganismos, que devido a constante exposição a espécie humana, se tornará infeccioso e poderá passar de uma espécie para outra. Um exemplo atual disso é o vírus da COVID 19. Para que isso aconteça só basta o fator tempo de exposição.
Por isso, respondendo a pergunta sobre quem ganha e quem perde, sabemos que perdem o proprietário do animal que abate sem custos, em qualquer lugar; o Estado que não arrecada; e a população que consome uma carne sem fiscalização, expondo-se a inúmeros microrganismos.
O governo Federal, Estadual e Municipal são os principais protetores da saúde pública e deve utilizar toda sua estrutura para protegê-la, caso não o faça, estará descumprindo os preceitos constitucionais quando fala que saúde e um direito de todos e dever do Estado.
Por Clayton Sousa de Jesus
Fiscal Estadual Agropecuário / Médico Veterinário