Cresce a percepção de que o mundo não será mais o mesmo depois do Covid-19, o que é provável, pelos danos e consequências irremediáveis que ele vem causando por onde passa.

E já se especula como será o novo normal. O que envolve aspectos sociais, comportamentais, econômicos e também do tipo de Estado que teremos, a partir da experiência catastrófica da Pandemia.

Não desejo o retorno da antiga “normalidade” que tínhamos, onde apesar da abundância, milhões de pessoas morriam e continuam morrendo de fome, enquanto poucos acumulam fortunas incalculáveis.

Não quero de volta uma normalidade que contempla a devastação do meio ambiente, sem preocupação com o mundo que deixaremos para filhos e netos.

Também não aceito que o trabalho humano, ao invés de premiar os trabalhadores com os benefícios do progresso científico-tecnológico, ao contrário, favoreça o desemprego e o trabalho informal.

A lição importante que recolhemos dessa Pandemia é que o papel do Estado, antes execrado em nome da predominância do Mercado, voltou ao ocupar o centro do palco.

Ninguém, senão o Estado e seus trabalhadores e servidores, está na linha de frente enfrentando essa verdadeira guerra. Apoios e doações pontuais são importantes, mas as políticas e ações de enfrentamento, só o poder público tem condições de fazer. E, no caso do Brasil, muito mal.

Nossos governos sempre premiam o sistema financeiro, os bancos que abocanham mais de 45% do orçamento nacional por conta de juros da dívida, e que foram os primeiros a receber 1,2 trilhão de reais sem qualquer contrapartida. E entesouraram.

Enquanto isso, trabalhadores se infectam nas filas para receber seiscentos reais, ou cem dólares, e micro, pequenos e médio empresários ficam à míngua. E servidores e trabalhadores pagam a conta e segundo Queiroz, continuarão pagando.

O Novo Normal deve se apoiar num Estado democrático necessário, capaz de entender essa nova realidade. Um Estado que esteja preparado para enfrentar o fornecimento de saúde universal, o SUS, sem o qual a tragédia seria multiplicada.

Uma nova realidade onde quem tem jatinho, jet ski, helicópteros e iates pague impostos  Onde os lucros  e heranças milionárias sejam taxadas.

Este Estado deve ser a base onde repouse uma sociedade livre, mais justa, solidária e com respeito aos direitos e opções individuais.

* Sérgio Arnoud é presidente da CSB-RS e da Fessergs  

Fonte: Central dos Sinidcatos Brasileiros – CSB

Published On: maio 8th, 2021 / Categories: Artigos /