Efeitos da indigência financeira
JSR*
Dificuldade financeira afeta todo o organismo, contribuindo para profundos danos à saúde mental. Concluiu pesquisa da Associação de Psicologia dos Estados Unidos. Significa que enfermidade financeira e enfermidade mental se equivalem em prejuízos para o ser humano. E levam ao desequilíbrio no rendimento das atividades laborais.
Esta desmotivação constata-se no funcionalismo estadual maranhense, há sete anos sem qualquer correção nos ganhos e enfrentando, quase diariamente, célere elevação dos custos básicos de vida. E mais recentemente, com a alta dos combustíveis, num país rodoviário por excelência, enfrentando dificuldades no dia a dia.
A alegação do governo maranhense de pagar em dia (dentro do mês) é pouco compensatória, na medida em que o poder de compra diminui a cada recebimento. E onde o poder público é o maior empregador, a situação é de temeridade, Com a remuneração valendo menos, o amanhã é uma incógnita. Até aonde vai essa corda?
Para complicar, instalou-se a pandemia, obrigando governos a lançar mão das reservas técnicas para atender a emergências. Para a máquina arrecadadora e para algumas categorias funcionais, que dispõem de mecanismos corretivos autorreguláveis (são de conhecimento público) a situação se ajeita.
Ansiedade, apreensão e medo são as queixas mais relatadas desde 2020, elevando a demanda por psicólogos a um crescimento de 32% (levantamento do GetNinjas). A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que os sentimentos de estresse, medo e preocupação são respostas normais durante uma pandemia.
Mas não foram somente as preocupações com a saúde pessoal e de familiares ou as mudanças relacionadas ao novo modelo de trabalho, por exemplo, que levaram mais pessoas a consultas psicoterápicas. O desemprego e a preocupação com a perda de renda (falta de correção salarial é uma forma de perda de renda) também gerou muito estresse aos brasileiros.
Na verdade, saúde mental e saúde financeira andam juntas, embora poucos (aí incluídos os empregadores públicos no atual momento) façam esta associação. Reconhece a Associação de Psicologia dos EUA (APA) que o dinheiro (a falta dele ou sua queda de valor) é a principal fonte de estresse para grande parte das pessoas.
Daí não ter surpreendido o resultado de enquete nas redes sociais, avaliando o Governo Flávio Dino entre os servidores públicos estaduais: 86%. Índice muito acima das perdas calculadas, por exemplo, entre os integrantes do Grupo AFA (servidores da fiscalização agropecuária), que enfrentam outras agruras: estrutura de trabalho precária, frota sucateada, sistema informatizado ineficiente, falta de treinamento frequente, entre outras, Até aonde iremos com esta indigência financeira?
*Servidor aposentado